sábado, 22 de setembro de 2007

The Very Best of Supertramp - ouçam, é muito bom!

Esta é uma das melhores bandas que já ouvi. O Supertramp surgiu no começo dos anos 70. Na época era uma banda de rock progressivo, e lançou vários álbuns alternativos nessa época. Próximo aos anos 80 a banda passou a fazer música num estilo mais pop, mas ainda com referências no rock progressivo, com produção e arranjos muito bem elaborados, solos e passagens instrumentais. Apesar de ter sido considerada uma das melhores bandas de rock do mundo já na sua fase progressiva, suas músicas mais ouvidas são da fase pop, como "Give a Little Bit" e "It's Raining Again". Este disco é uma coletânea de 15 músicas, e além das músicas que citei acima tem vários outros sucessos, como "The Logical Song", "Dreamer" e "Crime of The Century", que foi o primeiro grande hit da banda, em 1974.


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domingo, 16 de setembro de 2007

O Povo - por Luís Fernando Veríssimo

Não posso deixar de concordar com tudo que dizem do povo. É uma posição impopular, eu sei, mas o que fazer? É a hora da verdade. O povo que me perdoe, mas ele merece tudo o que se tem dito dele. E muito mais.

As opiniões recentemente emitidas sobre ao povo até agora foram tolerantes. Disseram, por exemplo, que o povo se comporta mal em grenais. Disseram que o povo é corrupto. Por um natural escrúpulo, não quiseram ir mais longe. Pois eu não tenho escrúpulo.

O povo se comporta mal em toda parte, não apenas no futebol. O povo tem péssimas maneiras. O povo se veste mal. Não raro, cheira mal também. O povo faz xixi e cocô em escala industrial. Se não houvesse povo, não teríamos o problema ecológico. O povo não sabe comer. O povo tem um gosto deplorável. O povo é insensível. O povo é vulgar.

A chamada explosão demográfica é culpa exclusivamente do povo. O povo se reproduz numa proporção verdadeiramente suicida. O povo é promíscuo e sem-vergonha. A superpopulação nos grandes centros se deve o povo. As lamentáveis favelas que tanto prejudicam nossa paisagem urbana foram inventadas pelo povo, que as mantém contra os preceitos da higiene e da estética.

Responda, sem meias palavras: haveria os problemas de trânsito se não fosse pelo povo? O povo é um estorvo.

É notória a incapacidade política do povo. O povo não sabe votar. Quando vota, invariavelmente vota em candidatos populares que, justamente por agradarem ao povo, não podem ser boa coisa.
O povo é pouco saudável. Há, sabidamente, 95 por cento mais cáries dentáries entre o povo. O índice de morte por má nutrição entre o povo é assustador. O povo não se cuida. Estão sempre sendo atropelados. Isto quando não se matam entre si. O banditismo campeia entre o povo. O povo é ladrão. O povo é viciado. O povo é doido. O povo é imprevisível. O povo é um perigo.

O povo não tem a mínima cultura. Muitos nem sabem ler ou escrever. O povo não viaja, não se interessa por boa música ou literatura, não vai a museus. O povo não gosta de trabalho criativo, prefere empregos ignóbeis e aviltantes. Isto quando trabalha, pois há os que preferem o ócio contemplativo, embaixo de pontes. Se não fosse o povo nossa economia funcionaria como uma máquina. Todo mundo seria mais feliz sem o povo. O povo é deprimente. O povo deveria ser eliminado.


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sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Voltando à ativa!


Vox and Les Paul
Originally uploaded by chadworthman.
Há muito tempo eu tocava em banda, e até fiz algumas músicas. Infelizmente, por força das circunstâncias acabei deixando a música de lado por um tempo. Mas agora estou voltando! Bom, não pretendo começar ou entrar em uma banda, nem me tornar músico profissional. Só vou gravar algumas de minhas composições, e retomar uma antiga idéia do Alex, um grande amigo meu e vocalista da nossa antiga banda, e tentar compor algo juntos ainda que separados pela distância.
Para divulgar as músicas vou fazer o que muitos músicos independentes fazem hoje: usar a internet. Semana que vem o site já deve estar pronto. Claro, quando isso acontecer, divulgarei o link aqui no blog.
Fique ligado!

domingo, 2 de setembro de 2007

Como um Túmulo (*) ou Sigilo Profissional - Millôr Fernandes

Um texto muito legal que vi no site do Millôr! A página original do texto é esta aqui.


Teatro
Corisco I

Revisita
ao antigo Teatro Corisco


Como
um Túmulo (*) ou Sigilo Profissional




Peça de costumes, era Pós-Clinton,
em dois atos.



Personagens

Pecador I, Pecador II e Sacerdote-Confessor.


Ato
I


(No
estreito confessionário)



Pecador I - Reverendo, eu engano minha mulher.



Sacerdote - (Na compreensível necessidade
de informar-se melhor para aplicar punições
apenas justas ao pecador) Com quem?



Pecador I - Perdão, prelado, mas sou
um jornalista, tenho que preservar meu segredo profissional.



Sacerdote - Bem, profissional não é.
Até bem amador, com perdão do trocadilho.
Mas como também sirvo sob sigilo do confessionário,
o seu segredo, transmitido a mim, continuará
secreto.



Pecador I - (doido pra entrar na do Padre,
doido pra que o mundo saiba de seus feitos, mas resistindo
- afinal ele trabalha na municipalidade, cobiçam
seu cargo) Eu sei, Santo Homem, mas antigamente as
paredes tinham só ouvidos. Hoje estão
cheias de gravadores.



Sacerdote - (arriscando uma ficha, ou melhor,
uma hóstia):Não vai dizer que foi com
aquela louquinha da sapataria, que já me confessou
horrooooores.



Pecador I - (Babando na gravata, que, aliás,
não porta): A lourinha da sapataria, é?
Aquela gostosa, de tetas grandes e coxas grossas,
que vive exibindo as quatro?



Sacerdote - Essa mesma. (Outra ficha-hóstia)
- Bem, se não foi essa só pode ser a
caixa do supermercado.



Pecador I - (animado) A moreninha dimenor?



Sacerdote - Essa, é. Noutro dia esteve
aqui, durante mais de uma hora... (A melhor ficha,
a melhor hóstia) - Ah, já sei, foi com
a viúva do capitão de corveta que mora
na praça.



Pecador I - Também favorece? O marido
morreu há três meses.



Sacerdote - Mas ela continua muita viva, meu
filho. E depois, o rapaz nem precisava morrer. Ou
foi a...



Pecador I - (saciado) - Não, seu pároco,
não foi com nenhuma dessas. Foi com a dona
do cartório de órfãos. Mas muito
obrigado pelas dicas. Tcháu.



Sacerdote - Tcháu, meu filho, mas não
esqueça três ave-marias e cinco salve-rainhas.
E preserve o sagrado sigilo. Volte sempre que tiver
novidades.


Ato
II


(Logo
à saída do Pecador I entra o
Pecador II)



Pecador II - Seu padre, estou casado só
há dois anos mas tenho que confessar que prevarico.



Sacerdote - Já, meu filho? Com quem?
Não vai me dizer que é com a mulher
desse jornalista que acabou de sair daqui!!



(Pano rápido)



(*) "Como um túmulo"
significa o sigilo último, o sigilo absoluto.
Uma mentira. Os dísticos dos túmulos
geralmente entregam o morto, com ficha, número
de identidade e CGC.