sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O que fazer quanto à violência?

No Brasil as discussões sobre como acabar com a violência nas grandes cidades costumam girar em torno de duas tendências: aumentar a repressão ou ampliar o aparato social do Estado. No momento, nem um caminho, nem o outro tem funcionado, sendo que a alternativa da repressão tem sido a mais utilizada e a mais aceita. E enquanto continuar essa discussão tola sobre repressão ou assistência social, nada vai funcionar mesmo. Pois o combate à violência não é uma questão de qual é a prioridade, ou o principal caminho, muito menos sobre qual a fórmula para resolver tudo.

Temos um exemplo significativo do que estou falando em um país vizinho do Brasil, que reduziu significativamente os índices de violência em suas principais cidades; a Colômbia. É comum vermos nos noticiários manchetes sobre ações violentas das FARC, o que mostra que a Colômbia ainda é, sim, um país violento, mas pelo menos nas suas principais cidades o crime retrocedeu bastante. Resultado de uma política de repressão bastante rígida, incluindo investigações amplas, armamento e treinamento da polícia e a prisão dos principais chefes do tráfico de drogas. A cidade de Medellín, antiga sede do maior cartel de tráfico de drogas do mundo, é um caso emblemático, como podemos verificar nesta reportagem do jornal Gazeta Mercantil. Em 1991 a cidade tinha 381 homicídios para cada 10 mil habitantes; em 2006 este número caiu para 29 homicídios por 100 mil habitantes, e no final de 2007 para 26. Para efeito de comparação, em São Paulo este número está por volta de 40 homicídios para 100 mil habitantes, e no Rio de Janeiro em torno de 60 para cada 100 mil pessoas. Esses índices mostram que a repressão ao crime deu resultado em Medellín, entretanto não foi somente a repressão que diminuiu a violência.

A cidade também investiu pesado na melhoria dos espaços públicos voltados ao lazer e à cultura, como praças, parques e bibliotecas. Há vários espaços desse tipo por toda a cidade, próximos à estações de metrô e muito usados por toda a população. Vários deles foram reformados ou construídos nos últimos quatro ou cinco anos. É o caso, por exemplo, do Parque Biblioteca España, parte do projeto "parques bibliotecas", cujo objetivo é oferecer espaços onde conhecimento e lazer se encontram. Na cidade há quatro espaços como este. São três prédios que parecem grandes rochas rodeadas por centenas de casas em tijolo aparente. Cada prédio abriga uma função específica: um prédio dedicado à formação, um à biblioteca e o outro abriga um auditório.

Como disse no começo deste texto, não se reduz a violência com repressão ou benefícios sociais. É necessário que haja repressão e assistência social. E é preciso acabar com essa discussão de falsas prioridades, pois já está provado e verificado que é preciso agir nas duas frentes, e ao mesmo tempo, para resolver este problema.


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